“A maior perda do homem tem sido a perda gradativa da alma. E do significado mais profundo do seu estar aqui. Rompeu-se a corda de luz que ligava a criatura Àquele, seja qual for o seu nome para cada um de nós. E por isso o sentido das grandes comemorações também se perdeu. Páscoa, Natal transformaram-se em comilanças, pimpolhos rubicundos agarrando-se frenéticos às saias maternas pedindo tudo, adultos acéfalos e desenfreados batendo incansáveis pernas à guisa de leitões, perus, bebidas, vomitórios do amanhã, e a metade do país famélica exibindo os magros braços nus.” (Hilda Hilst – crônica “Resíduo”)
Igor RivellinoSem categoria